Me Chama Que Eu Vou - Conteúdo simplório
O empenho com vistas à exaltação do personagem Sidney Magal através do documentário ‘Me Chama Que Eu Vou’ resulta na construção de uma imagem conservadora do artista sob o molde de uma mentira que, de tão repetida, acabou se tornando uma verdade capaz de transformar um simples Sidney Magalhães em Magal – um ícone cult.
As acusações cantadas por Rita Lee em sua ‘Arrombou a Festa II’ de 1979 que o retratam como um dançarino que rebola mais que o Matogrosso e como um cigano de araque fabricado até o pescoço são trazidas à luz no documentário, a despeito das métricas mercadológicas que, apesar de serem de especial interesse do grande público, não encontram eco na direção de Joana Mariani que, aparentemente, prefere lidar com o existencialismo abstrato da diversidade performática do protagonista.
O tendencioso roteiro de Mariani parece não se dispor a investigar a fundo o artista e o homem e, mesmo com a parceria de Eduardo Gripa, não consegue fazer do documentário algo surpreendente e, muito menos, emocionante. Também falta tempero à narrativa – por sua vez sustentada pelas participações de Magali West e Rodrigo West na construção da camada familiar do protagonista – não contextualiza como em uma genuína biografia, mas com ares de propaganda do artista.
O documentário não se empenha em agregar as músicas de Magal ao seu conteúdo simplório, fazendo com que a trilha sonora assinada por Magal e Caique Vandera anseie por ousadia entre história e imagem, de forma tal a permitir antever o seu possível insucesso de bilheteria e questionar o porquê de sua não veiculação somente nos canais de TV por streaming e, até mesmo, TV aberta.
‘Me Chama Que Eu Vou’ confere ao espectador a percepção de uma cisão na figura de Sidney Magal como homem público e homem privado, relegando a visibilidade artística à mercê das tietes.
resenha: psales e msenna
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