Meu Nome É Gal

 

Meu Nome É Gal                                                                                                             Por Mauro Senna

Parece um acerto de Meu Nome É Gal concentrar-se em determinada fase da "Meu Nome É Gal", apesar de ser um tributo visual e sonoro de indiscutível valor, revela-se um retrato que, em sua tentativa de capturar a essência de Gal Costa e a efervescência da Tropicália, acaba se limitando a uma representação mais conservadora do que poderia ter sido um mergulho radical e subversivo.

O filme, sem dúvida, apresenta várias virtudes, como o uso criterioso de imagens documentais que ajudam a ancorar a narrativa em um contexto histórico palpável. No entanto, essa preocupação com o ambiente histórico acaba revelando uma certa fragilidade no desenvolvimento de alguns trechos do enredo e na construção de diálogos que, em momentos, parecem forçados e desprovidos da autenticidade que os tropicalistas, como Gal Costa, tão magistralmente abraçaram.

O tropismo subversivo dos anos 60, que encontrou em Gal um de seus mais brilhantes expoentes, parece diluído na narrativa do filme. A abordagem mais tradicional, embora respeitável, não consegue transmitir o ímpeto revolucionário e a espontaneidade que definiram a era. Assim, o filme falha em capturar o espírito febril e inovador da época, um desafio que qualquer obra sobre períodos de transição política e cultural deve enfrentar com ousadia e originalidade.

Portanto, "Meu Nome É Gal" se apresenta como um esforço bem-intencionado e com muitos acertos, mas também como uma oportunidade perdida de explorar a radicalidade e a autenticidade que fizeram de Gal Costa um ícone de sua geração. A falta de um olhar mais incisivo e irreverente para a figura de Gal e para o período retratado limita a capacidade do filme de ressoar profundamente com as novas gerações, que buscam não apenas informações históricas, mas uma conexão visceral com a revolução cultural que moldou o Brasil.

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