Deadpool & Wolverine

 

Por Mauro Senna

Deadpool & Wolverine

O anti-heroi palhaço tagarela favorito dos fãs do universo Marvel – Deadpool – retorna às telas dos cinemas com seu amigo de garras e esqueleto de adamantium – Wolverine – em "Deadpool & Wolverine" – ou como deveria ser chamado – "O Grande Resgate da Propriedade Intelectual da Disney", recheado de piadas, ação desenfreada e, como não poderia faltar, uma boa dose de subversão.

Ryan Reynolds, mais confortável do que nunca em seu traje vermelho e preto, dispara sarcasmos de forma amoral, enquanto Hugh Jackman,  apesar dos reiterados ameaçadores rumores sobre sua hipotética  aposentadoria – retorna como Wolverine, mostrando sua versatilidade ao interpretar várias versões cômicas do personagem. Dessa forma, "Deadpool & Wolverine" se apresenta como um espetáculo de variedades para mutantes – com uma overdose de sangue tarantinesca  e menos musical.

A trama se desenrola como uma colcha de retalhos temporal, costurando mais remendos do que um traje do Deadpool em tempos de Halloween. Mr. Paradox da TVA ameaça o multiverso, fazendo com que Deadpool e Wolverine se unam para salvar o dia. Trata-se de um conceito tão original quanto um remake de um remake – com a participação especial de Emma Corrin, personificando Cassandra Nova, sondando mentes com seus dedos dançantes coreografados por uma lascívia craniana enquanto Deadpool e Wolverine se enfrentam em repetidos choques corporais, propagando a destruição de tudo aos seus redores, inescrupulosamente Marvel.

Mas vamos falar sobre o elefante na sala, ou na sala de edição da Disney – "Deadpool & Wolverine" é um playground para os fãs, repleto de referências e participações especiais que vão fazer os nerds explodirem de alegria. No entanto, a mão da Disney é mais perceptível do que o sotaque australiano de Hugh Jackman. As piadas são afiadas, mas parecem seguras, como se o Mercenário Tagarela estivesse se segurando para não ofender o staff da sala de reuniões do Mickey Mouse. A ação é explosiva, e não perde o gás ao longo do longa. A escolha das trilhas sonoras pop para as cenas de violência é, em princípio divertida, mas se torna imprevisível quanto uma reviravolta no enredo de um filme da Marvel. Em se tratando de imprevisibilidade, os voluntários rompantes de Deadpool na quebra da quarta parede, numa suntuosa provocação à Disney e a Kevin Feige, são como tímidos picos em um jogo de tira e põe – provocativos, mas sem mordida na vera.

Não obstante, há algo mais que divertido em tudo isso. O elenco é um destaque – com Matthew Macfadyen e Emma Corrin roubando a cena como vilões que fazem valer a pena cada segundo de olho na tela. Hugh Jackman, mais uma vez, prova por que ele é o melhor naquilo que faz – e o que faz em "Deadpool & Wolverine" é pura carnificina.

Indubitavelmente, a direção de Shawn Levy promove uma festa selvagem para o público Marvel durante a  qual dispara um lembrete de que mesmo o Mercenário Tagarela não pode escapar das garras corporativas da Disney. Porém, os 128 minutos de diversão não redefine o gênero de super-heróis, ocupando o lugar de mais um episódio na saga da expansão do império Marvel/Disney – um prazer imperfeito, mas ainda assim, um prazer - como possivelmente teria sido dito por Wade Wilson.

 

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