Silvio

 

Silvio

Em um cenário cinematográfico frequentemente marcado por homenagens questionáveis, “Silvio” se destaca, não por ser um simples tributo ao icônico apresentador de televisão, mas por sua capacidade de transformar um ícone carismático em um amálgama de clichês e desequilíbrios narrativos. O filme, que se apresenta como uma tentativa audaciosa de combinar um thriller policial com uma biografia emotiva, acaba por ser um reflexo distorcido de Silvio Santos no crepúsculo de sua carreira — e talvez, um sinal da decadência do bom gosto cinematográfico.

Rodrigo Faro, escolhido para interpretar o lendário Senor Abravanel, entrega uma performance que oscila entre um tributo involuntário e uma caricatura exagerada. Sua interpretação se assemelha mais à dramaturgia preliminar de uma peça de teatro amador do que a uma representação autêntica da figura emblemática de Silvio. O carisma inimitável de Santos, tão essencial para sua persona pública, se dissolve em um mar de gestos exagerados e expressões faciais confusas, como se o ator estivesse tentando desesperadamente preencher um vazio que não pode, nem precisa, ser preenchido.

A narrativa do filme é falha, resultando em uma montagem que mais se assemelha a um projeto de “faça você mesmo”, repetindo cenas do passado com a mesma insistência de um truque de mágica mal executado. Em vez de oferecer uma visão clara e emocionante sobre o surgimento do SBT e o desenvolvimento do Baú da Felicidade, o filme entrega uma representação superficial e apressada.

Johnnas Oliva, no papel do vilão sequestrador, se destaca como um verdadeiro farol de complexidade e tensão em um enredo que, de outra forma, poderia facilmente se perder na mediocridade. Sua interpretação não apenas eleva o filme a um patamar que o distancia da esfera dos produtos de segunda linha, mas também oferece uma profundidade que falta ao restante da produção.

Por Mauro Senna

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