Ninguém Sabe Meu Nome
A peça "Ninguém Sabe Meu Nome" é um poderoso e urgente convite à reflexão sobre o racismo estrutural que ainda permeia nossa sociedade. Através do monólogo da protagonista, interpretada por Ana Carbatti, a obra mergulha na complexidade da experiência de uma mãe preta ao tentar explicar o racismo para seu filho. Ao evitar uma abordagem excessivamente didática ou raivosa, o espetáculo alcança uma profundidade que torna a mensagem acessível, envolvente e capaz de tocar um público diverso, sem perder a urgência da temática.
A obra, que também conta com a autoria de Carbatti, busca não apenas verbalizar a dor, mas construir um imaginário coletivo capaz de transformar as injustiças do passado e do presente. Ao incorporar humor e empatia, a peça fortalece a mensagem de mudança e inclusão, convidando todos, independentemente de sua cor ou origem, a se engajar num processo de transformação.
A direção de Inez Viana e Isabel Cavalcanti posiciona a plateia como parte ativa na construção de um futuro mais justo, com o palco representando simbolicamente um “útero”, onde o espectador se torna co-criador da narrativa de reparação e igualdade. “Ninguém Sabe Meu Nome” é uma celebração da representatividade negra, dando visibilidade à dor e à resistência das mães pretas, ao mesmo tempo em que convoca a sociedade branca a reconhecer suas responsabilidades e agir para mudar a realidade histórica de exclusão.
Este espetáculo não é apenas uma inspiração, mas um chamado à ação. O racismo estrutural só será combatido por meio de um compromisso genuíno de desconstrução das práticas e valores que ainda segregam. Ao transcender a reflexão passiva, a peça nos desafia a incorporar uma atitude reparadora em nosso cotidiano, ajudando na construção de uma sociedade antirracista e igualitária.
Por Mauro Senna
Foto: MSenna
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