Drop: Ameaça Anônima

 

Em Drop: Ameaça Anônima, o espectador é convidado a ouvir um sussurro constante – daqueles que prometem um grande segredo, mas só entregam chiado. O novo (des)trabalho de Christopher Landon, diretor que já flertou com sátira e suspense com resultados irregulares, mergulha aqui num mar de pretensões mal costuradas e mistérios que se desfazem no ar, como algodão doce na chuva. E não é uma chuva poética – é uma tempestade de aplicativos genéricos, diálogos artificiais e escolhas estéticas que berram por atenção, como influenciadores caçando tornados no TikTok.

A ideia, em si, não é das piores: um aplicativo misterioso chamado “DigiDrops” funciona como um oráculo digital de chantagens modernas e até poderia provocar calafrios, se fosse bem explorado. Mas o que Landon entrega é mais um daqueles thrillers que se afogam na própria artificialidade, com personagens presos a um roteiro tão mecânico que parecem ter saído de um fluxograma. No centro dessa confusão está Violet, interpretada com admirável entrega por Meghann Fahy — uma atriz que, claramente, merecia um roteiro mais afiado do que uma espátula de manteiga em manhã preguiçosa.

Violet é uma mulher marcada por perdas, que sobreviveu e se reconstruiu — apenas para ser arrastada por um enredo que tenta demais parecer inteligente, mas soa como uma adolescente que acabou de descobrir Nietzsche. O filme expõe seus traumas como cartas marcadas, lançadas com dramatismo, mas sem a profundidade necessária. Insiste em ser percebido como complexo, embora nunca se dê ao trabalho de revelar, de fato, a engenharia por trás dessa pretensa obscuridade.

E os tais mistérios? Chamar de “incógnitas” seria um elogio generoso — é como encarar um quebra-cabeça de duas peças como um desafio. A lista de suspeitos é tão inofensiva que qualquer tentativa de desviar a atenção do espectador mais parece um convite ao tédio. O grande “quem está por trás?” se revela antes mesmo da pipoca começar a esfriar. E os “drops” — aquelas mensagens gigantes e espalhafatosas que pulam na tela como se fossem parte de um trailer do Instagram — são o equivalente visual de uma sirene de carro disparando no meio de uma sala de meditação: barulhento, irritante e totalmente desnecessário.

Contudo, o mais irritante — e aqui a irritação atinge níveis quase pirotécnicos — é o tom confiante do filme em sua pretensa sagacidade. Landon parece acreditar que está manipulando o espectador com a elegância de Hitchcock, mas, na prática, apenas o cutuca com um graveto, cena após cena, perguntando: “E agora? E agora? Não viu essa chegando, né?” — ao que só resta responder, com olhos semicerrados: “Vi sim. Desde os quinze primeiros minutos.”

E, no fim das contas, o que sobra é um falso frenesi de tensão, que tenta desesperadamente dar sentido a um exercício exaustivo de narrativa vazia. É como se o filme, já no chão, buscasse se reerguer num último suspiro de relevância — apenas para tropeçar no próprio ego.

Drop: Ameaça Anônima não é apenas um thriller ruim que se acha genial — é uma pretensão polida como laser, feita para ludibriar os desavisados sobre o nível de irritação que pode causar até nos espectadores mais indulgentes. Um filme que sussurra segredos com pose de genialidade, mas entrega uma fofoca ruim, mal contada e sem graça. E isso, meus caros, é o tipo de coisa que nem o melhor plot twist consegue perdoar.

Por Mauro Senna


Comentários

Postagens mais visitadas